terça-feira, 18 de setembro de 2007

HISTÓRIA E MÚSICA


Sugestão didática para trabalho com Música e História.
O material a seguir foi trabalhado em sala de turmas de 3ª Série do Ensino Médio na disciplina de História sob minha orientação. O conteúdo exposto faz alusão a um álbum musical intitulado "Cantando a História" do grupo vocal Garganta Profunda, baseado no livro "Brasil Século XX - Ao Pé da Letra da Canção Popular" de Luciana Salles Worms e Wellington Borges Costa.
A meu ver a contextualização histórico-musical que foi criada no álbum é uma mostra do quanto o ensino de história pode mudar as posturas de alunos em diversos níveis de ensino a proposta aqui apresentada é uma mudança de postura cultural que prime pela valorização da canções brasileiras, apresentando ao jovem a riqueza cultural do Brasil que passa bem longe daquilo que a mídia veicula ao grande público. Penso que esse é o papel da escola, trabalhando com essa postura de transformação, acredito que seja possível dar condições para o desenvolvimento do sujeito histórico, não alienado e que tenha opinião.
Ao longo do desenvolvimento da atividade os alunos poderão perceber que as criações musicais são fruto de um processo histórico, portanto que o estudo de História não se restringe a coisas mortas e a um passado sem sentido, essa ciência é vida e seu objeto é o ser humano, homens e mulheres numa trajetória de lutas e mudanças ao longo do tempo.
Fica aqui uma sugestão didática que segundo comprovada experiência faz muito sucesso entre o público estudantil.

HISTÓRIA E MÚSICA
* Boa parte da produção a seguir foi retirado do álbum musical "Cantando a História", entretanto essa produção vem permeada por toques apaixonados de uma educadora-historiadora.

“O tempo não para”, e conforme se movimento nos transforma, esse é o sentido da vida, perceber o movimento e não ficar alheio a ele. A meu ver esse é o sentido da História, ou seja, perceber o movimento do ser humano em sua atuação sobre o Planeta Terra.
Numa sociedade em constante movimento é louvável que se resgate a História de nosso país para as novas gerações. Desta forma a música é uma maneira fantástica de expressar a História do romantismo de “Jura” à contemporaneidade de “Parabolicamará”, nossa História sempre foi marcada pela sensibilidade daqueles que, habilmente, colocaram em letra e melodia o momento em que viviam, mesmo sem saber, pintavam com suas músicas o retrato, ora preto e branco, ora colorido, de uma época que passou, mas muito responsável pelo que somos hoje.

No início do século XX e da República no Brasil, reinava no Carnaval, nos teatros de revista e nos discos, José Barbosa da Silva, o Sinhô. O samba era ainda muito próximo de outro ritmo afrodescendente, o maxixe, ideal para se dançar a dois. As manifestações culturais africanas eram muito reprimidas pela polícia e portar violão era motivo para que o sujeito fosse preso pela polícia.

No final de década de 20, morria Sinhô e nascia a primeira escola de samba do Brasil, a Deixa Falar, fundada por Ismael Silva. A solução rítmica para que o samba orientasse os desfiles nas ruas foi a incorporação de dois instrumentos de percussão: o surdo e o tamborim. A temática preferencial das letras desse novo samba era a figura do malandro carioca.

JURA
Jura
Jura, jura pelo Senhor
Jura
Pela imagem
da Santa Cruz do Redentor
pra ter valo
a tua jura
Jura, jura de coração
Para que um dia
Eu possa dar-te o meu amor
Sem mais pensar na ilusão

Daí então dar-te eu irei
Um beijo puro na catedral
Do amor
Dos sonhos meus
Bem junto aos teus
Para sentirmos as emoções do amor

Sinhô
SE VOCÊ JURAR
Se você jurar que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é para fingir, mulher
A orgia assim não vou deixar

Muito tenho sofrido
Por minha lealdade
Agora estou sabido
Não vou atrás de amizade
A minha vida é boa
Não tenho em que pensar
Por uma coisa à toa
Não vou me regenerar

A mulher é um jogo
Difícil de acertar
E o homem como um bobo
Não se cansa de jogar
O que eu posso fazer
É se você jurar
Arriscar a perder
Ou desta vez então ganhar

Ismael Silva/Francisco Alves/Nilton Bastos

Ao mesmo tempo que se processava uma revolução no samba, em 1930, acontecia a Revolução que faria com que Getúlio Vargas pusesse fim à chamada República do Café com Leite em que as oligarquias rurais paulistas e mineiras se revezavam no poder. Vários compositores brancos de classe média aderiram ao samba de Ismael Silva, Noel Rosa, por exemplo, compôs, com Vadico, estes versos sobre melodia, que deixam clara a mudança no panorama político: São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba.

Um dos grandes pilares do regime de Getúlio Vargas foi a radiodifusão. Brilharam várias cantoras do rádio. Dentre elas, Emilinha Borba, que surgiu estimujlada por Carmem Miranda, a “Embaixatriz da Boa Vizinhança”. Nesta marchinha de carnaval gravada em 1949, Braguinha ( João de Barro) brinca com o existencialismo francês, que influenciou a cultura mundial pós-guerra. No Brasil, essa influência gerou as tristes canções de dor-de-cotovelo que imperavam no rádio o ano inteiro. As alegres marchas, com esta, ficavam confinadas aos quatro dias de carnaval.

FEITIÇO DA VILA
Quem nasce lá na Vila/ Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos do arvoredo
E faz a lua nascer mais cedo
Lá em Vila Isabel/Quem é bacharel
Não tem medo de samba
São Paulo dá café/Minas dá leite
E a Vila Isabel dá Samba,

A Vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém/ que nos faz em
Tendo nome de princesa
Transformou o samba num feitiço decente
Que prende a gente
O sol da Vila é triste/ Samba não assiste
Porque a gente implora:
Sol pelo amor de Deus não venha agora
Que as morenas vão logo embora...

Eu sei por onde passo/sei tudo que faço
Paixão não me aniquila
Mas tenho que dizer, modéstia à parte
Meus senhores eu sou da Vila!

Noel Rosa/Vadico
CHIQUITA BACANA
Chiquita Bacana
lá da Martinica
Se veste com uma casca
de banana nanica

não usa vestido
não usa calção
inverno pra ela
É pleno verão
Existencialista
Com toda razão
Só faz o que manda
O seu coração.

João de Barro/Alberto Ribeiro


O regime de Getúlio Vargas, por meio do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), promovia canções ufanistas de exaltação à pátria. Ary Barroso era um dos maiores expoentes desse tipo de música. A grande intérprete dessas canções era Carmem Miranda. Por problemas de cachê Ary foi substituído por um jovem compositor baiano cujos versos seriam imortalizados pela “Pequena Notável”. Dorival Caymmi, inclusive, além das canções, sugeriu vários ingredientes do indefectível figurino de Carmem Miranda.

A Bossa Nova veio pôr fim ao “baixo astral” da dor de cotovelo do pós-guerra. Não havia mais motivo para a tristeza: o Brasil vivia um período democrático, ganha a Copa do Mundo, a tenista Maria Esther Bueno era bicampeã do torneio tênis de Wimbledon. A batida de violão de João Gilberto, somada à melodia de Tom Jobim e à poesia de Vinícius de Moraes, colocava a música brasileira como produto de exportação. O centro histórico desse período foi o governo Juscelino Kubitschek.

O SAMBA DA MINHA TERRA
Samba da minha terra
Deixa a gente mole
Quando se canto todo mundo bole
Quem não gosta de samba
Bom sujeito não é
É ruim da cabeça
Ou doente do pé
Eu nasci com o samba
No samba me criei
E do danado do samba
Nunca me separei

Dorival Caymmi
O PATO
O pato vinha cantando alegremente, quen, quen
Quando um marreco sorridente pediu
Para entrar também no samba
O ganso
Gostou da dupla e fez também quen, quen
Olhou pro cisne
E disse assim “vem, vem”
Que o quarteto ficará bom
Muito bom, muito bem
Na beira da lagoa foram ensaiar
Para começar o tico-tico no fubá
A voz do pato era mesmo desacato
Jogo de cena com o ganso era mato
Mas eu gostei do final
Quando caíram na água
Ensaiando o vocal

Neusa Teixeira/Jaime Silva

O período em que o Brasil viveu sob democracia e liberdade e que justificava as letras da Bossa Nova foi muito curto entre duas ditaduras. Com o golpe de 1964, muitos artistas egressos da Bossa Nova entenderam que não havia mais clima para cantar barcos, patos e namoradas. A música tornou-se apenas “pretexto para o protesto”. Para dizer não ao regime militar

O teatro de operações para a batalha que se travava entre os adeptos da Música de Protesto, da Jovem Guarda e do Tropicalismo foram os festivais da canção. “Ponteio” venceu o festival da TV Record de 1967, superando Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil.
DISPARADA
Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do setão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
A morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar, eu vivo pra consertar
Na boiada já fui boi, ma um dia me montei
Não por um motiva meu, ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse, porém por necessidade
Do dono de uma boiada cujo vaqueiro morreu
Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente, pela vida segurei
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
As visões se clareando, até que dia acordei
Então não pude seguir valente em lugar tenente
E o dono de gado é gente, porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente
Se você não concordar não posso me desculpar
Não canto pra enganar, vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém, que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe do que eu
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte num reino que não tem rei
Geraldo Vandré/Théo de Barros

PONTEIO
Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse o amor ou dinheiro
Era um, era dois, era cem
Vieram pra me perguntar
Ô você: - de onde vai, de onde vem?
Diga logo o que tem pra contar
Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol, nem vento
Que me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Era um dia, era claro, quase meio
Era um canto calado, sem ponteio
Violência, viola, violeiro
Era a morte ao redor, mundo inteiro
Era um dia, era claro, quase meio
Tinha um que jurou me quebrar
Mas não lembro de dor nem receio
Só sabia da ondas do mar
Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola, ponteio
Meu canto não posso parar, não
Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro, quase meio
Encerrar meu cantar, j´[a convém
Prometendo um novo ponteio
Certo dia que sei por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo que vem pra buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar pra cantar
Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Edu Lobo/Capinam

Com a popularização da televisão, os lares brasileiros foram invadidos por uma legião de jovens artistas comandado por Roberto Carlos. Era a Jovem Guarda. Os requebros de Elvis Presley e os cabelos compridos dos Beatles e Rolling Stones ganharam versão brasileira: yeah, yeah, yeah virou iê-iê-iê. Aos adeptos da canção de protesto causavam ojeriza as guitarras elétricas e demais instrumentos plugados na tomada vistos como símbolo da alienação e subserviência ao imperialismo norte americano. Em São Paulo, chegou a acontecer uma passeata contra as guitarras na música brasileira.

Entre o não e o iê-iê-iê, surgiu o muito pelo contrário. Inspirados pela Antropofagia Cultural do poeta Oswald de Andrade, os artiistas da Tropicália entendiam que não havia problema algum em se incorporarem guitarras e ritmos estrangeiros à música brasileira desde que se despejasse tudo em um caldeirão de cultura em que essas influências fossem devoradas e misturada à arte brasileira em uma grande geléia geral.

O BOM
Ah! Meu carro é vermelho
Não uso espelho pra me pentear
Botinha sem meia
E só na areia eu sei trabalhar
Cabelo na testa sou o dono da festa
Pertenço aos dez mais
Se você quiser experimentar
Sei que vai gostar
Quando eu apareço
O comentário é geral
Ele é o bom é o bom demais
Ter muitas garotas pra mim é normal
Ele é o bom entre os dez mais.

Carlos Imperial

TROPICÁLIA
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro um monumento
No planalto Central do país
Viva a bossa sa as
Viva a palhoça ç aça ça...
O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata o luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta
Estende a mão
Viva a mata ta ta
Viva a mulata ta ta ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira
Entre os girassóis...
Viva Maria ia ia
Viva a Bahia ia ia ia...
No pulso esquerdo o bang bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um sambe de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhoer
Ele põe os olhos grandes sobre mim
Viva Ipanema ma ma ma...
Domigo é o fino-da-bossa
segunda-feira está na fossa
terça-feira vai a roça
prém, o monumento
é bem moderno
não disse nada domodelo do meu terno
que tudo mais vá pro inferno meu bem
que tudo mais vá pro inferno meu bem
viva a banda da da
Carmem Miranda da da da da

Caetano Veloso
O regime militar se acirrou muito depois do AI-5, em dezembro de 1968. Muitos brasileiros foram presos, torturados, mortos e exilados. Em exílio voluntário no início dos anos 70, Chico Buarque rompeu com a imagem de bom moço. De volta ao Brasil, especializou-se na arte de dobrar a censura. Em parceria com Francis Hime, em 1976, compôs esta homenagem ao dramaturgo e amigo Augusto Boal, exilado involuntariamente em Portugal.

Com a anistia os presos e exilados políticos e o pluripartidarismo, o Brasil dos anos 80 marca o fim do regime militar e a luta pelas eleições direta. A trilha sonora que vai cantar esse príodo da chamada Nova República é o pop-rock nacional. Compositores que cresceram durante a ditadura militar passam a gozar de uma liberdade de expressão e não economizam preocupações políticas em suas letras. Essa “Geração coca-cola”, o BRrock, ganhou o mercado fonográfico nacional. Roqueiro brasileiro deixou de ter cara de bandido e redimiu a guitarra.

MEU CARO AMIGO
Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock in roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ta preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem cachaça
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock in roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ta preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai levando só de birra só de sarro
E a gent vai fumando que ,também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock in roll
Uns dias chove, noutros dias bvate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui ta preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente ta engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correi andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remete
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock in roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero lhe dizer que a coisa aqui ta preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus
Chico Buarque/Francis Hime

BRASIL
Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascr
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionado os carro
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha
Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim
Não me convidaram pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascr
Não me sortearam
A garota do “fantástico”
Não me subornaram
Será que o meu fim
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer sim, sim
Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(não vou te trair)

Cazuza/Jorge Israel/Nilo Romero

Na última década do século, o brasileiro foi às ruas exigir o impeachment de Fernando Collor e elegeu duas vezes Fernando Henrique Cardoso. A relação entre FHC e Chico Buarque é muito antiga. O presidente fora aluno do pai do compositor, Chico por sua vez, apoiou as candidaturas de Fernando Henrique ao senado em 1978 e à prefeitura de São Paulo em 1985. já presidente pela segunda vez, em entrevista a uma publicação portuguesa sobre cultura lusófona, Fernando Henrique enalteceu Caetano Veloso, que o apoiara publicamente em 94 e depreciou Chico Buarque, que apoiara Lula em 94 e 98. Embora Chico negue, como sempre, este samba pode ser lido como uma resposta à injúria do presidente.

No final do século XX, ganha extrema importância a informática, com a popularização do PC (computador pessoal) e da rede mundial de computadores, a Internet. A reboque, entram no vocabulário brasileiro uma série de estrangeirismos, notadamente os de língua inglesa, satirizados nesta canção de Zeca Baleiro, representante de uma nova geração de herdeiros da nossa tradição trovadoresca.

INJURIADO
Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim
Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim
Dinheiro não lhe emprestei...

Chico Buarque
SAMBA DO APPROACH
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lanche
Eu ando de ferry boat
Eu tenho savoir-fair
Meu temperamento é light
Minha casa é high tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash
Fica ligada no link
Que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho Engov
Eu tirei meu Green Card
E fui pra Miami Beach
Posso não ser pop star
Mas já sou um noveau rich
Eu tenho sex-appeal
Saca só meu background
Veloz com Damon Hill
Tenaz com Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Posso jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite drag queen

Zeca Baleiro
A globalização é um tema que toma conta do debate no final do século XX e começo do XXI. A interligação instantânea e a integração comercial e cultural dos mais longínquos rincões do planeta geram inclusão por um lado e a exclusão de milhões de seres humanos em países pobres, por outro. Em termos nacionais, a grande questão que se coloca ao Brasil é que tipo de inserção nos mercados globais o aguarda: uma inserção soberana e justa ou uma inserção subserviente e colonizada?

PARABOLICAMARÁ
Antes mundo era pequeno
Porque terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena Parabolicamará
Ê, volta do mundo, camará
Ê-ê, mundo dá volta, camará
Antes longe era distante
Perto só quando dava
Quando muito ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos monte, den de casa, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabeça
Nem ta preso nem foge
No instante que tange o berimbau, meu camará
De jangada leva uma eternidade,
De saveiro leva uma encarnação
De avuão, o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico, Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino apresentar

3 comentários:

Natalia,vanuza,debora,dominik,evillin disse...

O MUNDO ISLÂMICO
No mundo Islâmico mulheres escondidas,
simplesmente era politéistas;
cidades sagradas Arábia Saudita,
homens com seis mulheres.
Química,matematica envolvem ÁRABIA.Árabia um deserto,
camelos lá existem.
Viajavam pelo mundo,
Navegavam pelo mar e
pegavam doenças difíceis de se curar.

janaina disse...

é negal saber isso.

Anônimo disse...

Muito legal teu blog, gostei do teu trabalho, sou fã de musica, e sou estudante de Historia, fiz um blog recentemente sobre Musica e História do Rio Grande do Sul, dando ênfase a musical regional do estado, há aqui variantes de musicas regionais, cada uma tem seu estilo e particularidade, pois ficarei muito feliz se vc fizer uma visitinha no meu blog ``Música e Historia´´- Jorge Delamar Antunes Rosa